Tenho medo de pensar em perder alguém. Eu não sei perder. É tudo
tão importante e intenso para mim, que pensar no fim é doloroso como se eu vivesse
no fim. Tenho observado amigos e pessoas ligadas a mim de alguma forma com
perdas muito significativas nos últimos tempos e tenho medo de ser o próximo. Ainda
há tanta coisa para fazer, tanto a dizer, homenagens a prestar, palcos a
dividir. Existe tantos planos e eu não aceito que de alguma forma eu os perca.
Dos amores que eu não vivi, dos amigos que eu não fiz, da felicidade que eu
deixei escapar por entre meus dedos, nada disso me intriga mais do que pensar
na agonia da perda. Eu olho para o alto e peço ao Pai para que eu nunca perca,
mas a cada dia que passa, o tempo está se esgotando e quando eu menos esperar
estarei perdendo. E algum dia, serei a lágrima de alguém, serei a dor, o
sofrimento, a ferida não-cicatrizada. Não quero que me percam. Porque as
pessoas morrem? Porque a vida acaba quando ela bem quer? Isso é um egoísmo, não
acha? Os rumos são bem outros do ideal e o que me resta se não viver a cada
minuto como último, aproveitar as pessoas como se elas não fossem estar comigo
amanhã, estar sorrindo e esquecer o choro? O que me restasse não amar
incondicionalmente hoje, como se não houvesse amanhã? Santo Deus, Pai da Terra,
dono dos corações, não permita que alguém se vá sem saber que eu amo-lhe. E não
permitas que eu vá, sem conhecer os que me amam.
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