A vida é uma coisa engraçada e bonita. As vezes mais
engraçada, as vezes mais bonita. Ontem a escola em que trabalho foi palco de um
recital de poesias. Quando eu era menino, e estudava nessa mesma escola, também
ocorria anualmente recitais, mas esse agora era diferente: eram os meninos declamando
poesias de próprio punho, e não como uns anos atrás, nos meninos entoando
Vinícius de Moraes e o Tic- Tac, ou então as Borboletas também de Vini, uma
poesia e outra da Cecília...
Mas que saudade deu do meu tempo de menino. Tinha um
rapazinho lá, aqueles meninos sabe, com cara de bagunceiro, mas que perto da
mãe sabe fazer bonito e faz carinha de anjo. Na hora de declamar o sua poesia, chamada
“Minha Escola”, os olhos até brilhavam. Eu olhava para ele e me via ali,
naquele posto, 11 anos atrás.
Para a ocasião, convidei quatro amigos meus para serem
jurados do recital. Foi uma escolha complicada. (Recitais são muito sérios.
Poesia não pode ser julgada). Depois de muito refletir, encontrei o júri
perfeito. Interessante foi como eles se apresentaram. Um era músico. Outro
escritor de blog. O terceiro fotografo e estudante de jornalismo. E a última
estudante de Psicologia. A plateia olhava admirado para eles. Eu olhei também e
pensei: quão bom esses caras são. A gente as vezes tá cercado de relíquia, de
coisa boa, mas não sabe ou não olha com o devido cuidado.
Foi excelente o recital. Os meninos mandaram bem. Uma ou
outra apresentação foram excêntricas. Tinha os mais tímidos, os mais
extravagantes. De tudo um pouco.
Ao final, troquei uma palavrinha com os meninos. Num tom
suave (ou mais que isso), disse à eles que continuassem escrevendo e joguei a
toalha ao dizer: “a poesia é um ótimo desabafo.” Os menores devem ter me olhado
com aquela cara meio ‘não tô entendendo, mas tô ouvindo’, já para os maiores
deve ter feito mais sentido. Sai de lá sentindo orgulho de todos. Eles são bons,
só precisam que os façam crer nisso.
Depois de lá, fomos para a casa de um amigo. O fotografo, o
escritor, a estudante de Psicologia e eu. Lá fomos para a cozinha fazer pipoca
e tapioca, enquanto saboreávamos uma boa e velha coxinha. Depois sentamos na
porta da sala, e ficamos lá falando das coisas. É engraçado que quando estamos
entre a gente, não tem dessa de escritor ou fotografo e futuro psicólogo: a
gente é no fundo só a gente. Por algum minuto eu devo ter esquecido disso, mas
foi bom lembrar.
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