terça-feira, 8 de julho de 2014

algo meio auto-biográfico


Com o tempo você aprende que a solidão é uma questão de interpretação, e reconhece que você é a melhor companhia que podia ter. Com o tempo você entende que princípios são temporários e te impedem de viver o meio e o fim. Há um momento que você percebe que para ser feliz basta ser quem você é, e que as pessoas certas virão no momento certo e não irão te pedir para mudar, porque elas são as pessoas certas. Com o tempo você aprende o quão bom é amar, e começa a entender que dar é melhor que receber, e começa a se doar ao máximo, sem esperar receber nada em troca. Com o tempo você entende que planos são apenas planos e começa a gostar mais da realidade que não planejou. Começa a enxergar o lado bom de ter uma casa para arrumar todos os dias, e a gostar de ter um cachorro, mesmo que ele rasgue sua roupa quando ela cai do varal. Com o tempo você entende Shakespeare, e começa a repeti-lo, e quando se indaga o “Ser ou não ser; eis a questão”, você percebe o que é mesmo não sendo nada, e não sendo nada, você é o que é. Com o tempo você sente saudade das broncas de seus pais, e começa a querer voltar ser menino, nesse ponto da vida, você percebe que não pode brincar de viver para sempre, e se arrepende de ter causado a si e ao mundo sofrimento em vão. De repente vem a nevoa e te faz pensar e te prende. Com o tempo você descobre que você se prende e, com o mesmo tempo depois, descobre que você é a liberdade. Com o tempo você se pergunta se as pessoas te amam, ou estão com você sob custódia da piedade, e então duvida de tudo e de todos. Você percebe que os problemas no qual só você enxerga estão nos seus olhos, e se pergunta sobre Deus. Com o tempo você se sente distante de Deus, porém, dois tempos depois, você percebe que Deus nunca te largou. Com o tempo você pensa se é melhor fazer o certo dos outros, ou o seu certo, e ai descobre que ninguém está errado, mas parece que você nunca esteve certo. Com o tempo você começa a se calar, e as lágrimas param de rolar, e as que rolam, rolam à seco. Com o tempo você para de olhar a vida com a ótica da felicidade, e se torna um alguém- gaivota. Com o tempo você descobre que teve todo o tempo do mundo, mas nunca fez nada certo, e ai, o tempo é curto, e se reinventar aos 18 anos parece burrice.  

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