sábado, 27 de setembro de 2014

O nosso Big Bang pessoal

Existe uma fase, um momento na vida, ou quem sabe até, um fenômeno, que toda a história se encontra; todos os momentos se prendem em um único. Todas as lembranças são revividas em um instante, e a regra é clara: você não tem controle.

Esse momento é aquele que faz você trocar o nome de seu namorado pelo do ex numa discussão, ou nos momentos de gozo e sussurro, citar o nome de alguém passado: ali naquele momento, não importa quem te leva ao prazer, o amor não tem rotulo, o amor não tem gênero, não tem escolha. O Eros se desperta livremente, e nem tão livremente é preso.

Aquele momento que perguntam em que escola você estuda e você erra o nome, e cita o nome de sua escola do Ens. Fundamental. Nesse ponto, se cruzam lembranças de lagrimas e risadas, brigas e conciliações, lembranças santas e profanas. São seus dias de luta e seus dias de gloria, ali, presos no mesmo segundo do dia.

Aquele momento de sua formatura que toda a sua vida se passa diante dos seus olhos. Aquele instante que o primeiro e o ultimo dia já não importam: você venceu. Chegou ao fim. É a sua vez de brilhar no podium. Nessa noite, as lagrimas derramadas não importam, e outras lágrimas serão derramadas; mas essas serão as lágrimas vindas da emoção, tal emoção que você não controla; emoção que não se rotula alegre ou triste; emoção que não é nostalgia ou clichê, é apenas emoção. É simplesmente uma energia que flui, e você, emociona.

Aquela noite no bar, depois de 4 ou 5 doses caprichadas, que toca a música que embalou sua adolescência, e num instante, você olha para o seu marido ou esposa, e enxerga a face de seu primeiro amor, aquele amor proibido, o amor das descobertas. É nesse momento que todas as marcas deixadas no colchão têm um nome e alguém a ser homenageado, mesmo que o dono do nome nunca tenha deitado ali.

Quando tudo se encontra, você se prende e se acha com a mesma facilidade, ou dificuldade. Quando tudo se completa, ausência e a proximidade apresentam o mesmo valor, com sinal trocado. Quando tudo se encontra, você não sabe se chora ou se sorri, ou se chora sorrindo e sorri chorando; talvez nesse momento você experimente chorar chorando ou sorrir sorrindo.

Quando tudo se encontrar no mesmo ponto, você estará prestes a viver uma explosão em que tudo novo se começa: serão novas sensações e percepções, novas palavras e plantios, novas colheitas e concepções.

Só quem já experimentou essa explosão da vida, tem o direito de falar que conhece o estranho processo que é viver. E será capaz de viver e se arrepender, todos os dias, e amará loucamente a vida, todos os dias. 

E se um dia, houver outra explosão, ainda será capaz de fazer tudo novo de novo, porque enquanto todas as estradas da vida se cruzarem é sinal de que tudo que se foi vivido dá-nos o direito de viver novas coisas novas.


É nisso que se consiste escrever a nossa história: usar todas as palavras possíveis, e depois, ser capaz de criar as nossas próprias palavras.

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