Há sempre aquele momento em que você “para pra pensar”. Não
sou de parar para pensar. Na verdade, existem dias que eu paro para não pensar,
e não pensar, por incrível que pareça, me soa mais deprimente do que pensar.
Tenho estado em movimento, em um movimento insano que vem tomando toda a minha
energia e me deixando sem pensar, e eu achando que faria bem a minha alma se
continuasse levando as coisas assim, hoje vejo-me estranho em minha própria
casa, estranho em meu próprio coração. É aquela bagunça que os maníacos por
roupa enfrentam quando não distinguem em seu armário, qual roupa está suja ou
qual está limpa. Assim estou nessa manhã em que fui impedido por meu organismo
de sair de casa: o que está limpo e o que está sujo? O que pode ficar e o que
pode ir? O que está bom para voltar a gaveta, e o que precisa ser lavado?
É uma confusão minha e eu não sou capaz de desfazê-la. Me
soa irônico eu saber ajudar os outros e não conseguir me ajudar. Agora, eu pego
uma peça de roupa e começo a observar se há marcas de que ela foi usada, e
nesse ponto a diante, todas me parecem velhas, repetidas, tudo parece ser
comum; e as roupas novas que eu trouxe semana passada? E os sentimentos novos
que as pessoas trouxeram, cadê? Cadê a renovação do meu armário estampada em
minha alma? Onde está minhas coisas novas, meus significados?
Nesse momento eu olho para o mural de meu quarto, e vejo que
há dias, a oração de São Francisco que tanto me prendia a atenção, não está
mais ali, e eu não fui capaz de colocar outra no lugar, se quer, fui capaz de
sentir sua falta.
Será que essas coisas novas tiraram de mim, Deus, todo o
prazer das coisas velhas?
Estou superando, Deus, as coisas simples para viver as complexas? Mas eu não quero. Não mesmo Deus, sem mais, nem clichês eu não quero perder minhas origens, minhas construções pessoais. Não quero trocar uma noite diante de um livro por uma em uma festa, ou então minha laranjada por copos de cerveja, e sinto que isso vai acontecer. Ninguém me disse que crescer era tão difícil, ninguém me disse que crescer era renunciar minha história de ontem para viver uma nova. Ninguém me disse que eu deveria sobreviver sem pessoas que me marcaram. Ninguém me disse que quando eu crescesse ninguém ia me entender, e nem eu mesmo, e nessa manhã, aos 18 anos eu grito internamente, enquanto tento entender tudo que se passa, tudo que mudou. Parece banal viver por viver, mas nem estou conseguindo fazer uma mudança no meu modo de interpretar o porquê de levar os meus dias.
Estou superando, Deus, as coisas simples para viver as complexas? Mas eu não quero. Não mesmo Deus, sem mais, nem clichês eu não quero perder minhas origens, minhas construções pessoais. Não quero trocar uma noite diante de um livro por uma em uma festa, ou então minha laranjada por copos de cerveja, e sinto que isso vai acontecer. Ninguém me disse que crescer era tão difícil, ninguém me disse que crescer era renunciar minha história de ontem para viver uma nova. Ninguém me disse que eu deveria sobreviver sem pessoas que me marcaram. Ninguém me disse que quando eu crescesse ninguém ia me entender, e nem eu mesmo, e nessa manhã, aos 18 anos eu grito internamente, enquanto tento entender tudo que se passa, tudo que mudou. Parece banal viver por viver, mas nem estou conseguindo fazer uma mudança no meu modo de interpretar o porquê de levar os meus dias.
Tudo me assombra hoje: a espiritualidade, a política, a violência,
a TV e os meus atos inconsequentes. E eu consigo sorrir, consigo e irei, mas,
não sei se quero. Por hoje, vou fazer minhas obrigações e levar um dia como
banal. Me deixe ser banal só por mais hoje, amanhã eu procuro um sentido, e
quem sabe até, evito colocar roupas sujas no armário.
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