Quando tudo se
acumula no mesmo instante, no mesmo momento, no mesmo ponto, toa a história se
perde, a razão se perde, o sentimento se perde.
De repente, você
está vazio, e os olhos estão cheios querendo esvaziar o que já está vazio. As
lágrimas vêm em desespero, implorando mudança, suplicando amor, desejando o
fim. Não basta nem pensar se há um sentido ou não: o sentido morreu tempos
atrás, você percebeu e não se importou.
Nesse momento,
nem a frase da academia (a força só vem com dor) ajuda, e de lágrima em lágrima
derramada você até tenta, mas fica mais difícil ser forte; de falta em falta, a
presença perde valor e estar sozinho ou acompanhado será apenas um detalhe a
ser lembrado na bilheteria do cinema e na bomboniere,
na hora de comprar pipoca.
Chega a hora que
você se cansa de sua história, e tudo já será uma tragédia. Nessa hora, não
vale mais querer se salvar, e não se incomodará se será salvo ou não, e a
felicidade será apenas mais um rotulo, como os de pote de maionese.
Em cada lágrima
derramada começará seu processo de suicídio solitário, e por mais que você
tente, você não sairá. Por mais que os outros tentem, você não quer ser salvo.
A cada lágrima a morte lenta e cruel, como o vírus que infesta célula por
célula de nosso corpo; como o bando de formigas que, lentamente, carregam
pedaço por pedaço de um alimento.
O suicídio
solitário se consumará no dia em que as lágrimas foram insuficientes para
expressar tantos problemas insignificantes, e, a esperança de um amanhã melhor
for menor que a vontade de dar um cabo à tudo.
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