segunda-feira, 1 de junho de 2015

Cotidianamente.

Todos os dias topo com olhares tristes na rua, casais brigando, meninas retraídas nos cantos dos bancos de ônibus desesperadas e seus namorados sentados na ponta, observando se muitas pessoas os observam. Todos os dias vejo pessoas tristes, corações vazios, pessoas magoadas, lágrimas reprimidas, saudades negadas, amigos com laços rompidos, cães abandonados por seus donos, pessoas desenganadas por médicos, mães perdendo filhos, filhões perdendo mães, pessoas perdendo seus empregos, suas casas, suas almas, suas vidas. Todos os dias eu sofro por não poder fazer nada, ou por não querer poder fazer algo. Todos os dias eu vejo a ignorância e o ódio matando milhares pouco a pouco. Todos os dias meninos se matam aos poucos trancados em seus quartos chorando ajuda a Deus. Todos os dias meninas são violentadas pelos seus pais ou cônjuges de suas mães, e eu não posso fazer nada. Todos os dias, pessoas reviram o lixo procurando algo que se salve; a maçã que eu dei uma só mordida e não gostei ou as garrafas de plástico para reciclar. Todos os dias os meus morrem e eu luto para não morrer junto.  Todos os dias vejo pessoas sangrando e não posso fazer nada.  Todos os dias palavras são reprimidas e pais dormem sem falar com seus filhos, divórcios são assinados e arvores cortadas.
Todos os dias a vida tem um fim ou uma etapa próxima ao fim.

Me perdoem por não ajudar a salvar o mundo. O meu também está morrendo.

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