domingo, 10 de janeiro de 2016

About me today.

Hoje eu me sentei ao chão com meus escritos, restos de canções que perturbam as lembranças, pedaços de papel com telefones que nunca ousei ligar, comprovantes de compras feitas com o cartão de crédito, roupas de terceiros com perfumes mais íntimos que os meus, e tentei fazer tudo ter algum sentido. Fiquei olhando item por item, viajando por lugar a lugar, memoria por memoria, tentando encontrar o ponto em que as coisas foram se perdendo, o lugar em que respondi coisas automáticas, ou não fui muito sincero sobre mim, ou sobre uma opinião.

Lembrei de dois meses atrás e senti uma sensação estranha de perda, é como se o passado houvesse sido precioso demais e eu não o tornarei a vê-lo e de certa forma isso vai atrapalhar as coisas daqui pra frente. Parei diante do espelho e fiquei procurando pelo ponto luminoso que sempre fez-se presente nos meus olhos, e hoje estão mais apagados que a esperança do povo canarinho frente a um país melhor.

Fui nos meus arquivos de mim mesmo. Nada.

Talvez tudo que eu seja são esses fragmentos. Textos não acabados, canções cantadas pela metade, promessas não cumpridas, um bolo sem recheio, ou aquele que apenas quis fazer o recheio. Sou a camisa bonita usando um sapato feio, “o que sempre tinha qualidades(1)” e nada mais disso. Sou as ligações não feitas, a TV que fica ligada 8 horas por dia e nunca me lembro do que vejo, sou as 10 matérias que leio em média por dia em sites informativos e tudo que saberei dizer é “li em algum lugar”.

Hoje eu sentei no tapete, com a esperança de me encontrar de novo. Hoje eu sentei acreditando que eu seria capaz de cantar Portão(2) com tanto vigor que voltaria a acreditar em mim mesmo. E seria capaz de fazer os outros acreditarem. Mas tudo que aprendi hoje é que a felicidade não é pra mim. Pelo menos não aqui.

Para terminar esse monte de frase solta tentando justificar minha futilidade ante a vida, cito um escrito meu, tão ruim quanto esse, mas fazer o que...

Me perdoem por não ajudar a salvar o mundo. O meu também está morrendo.


Notas: (1) Fernando Pessoa (2) Canção de Roberto Carlos

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