Acordei fisicamente abalado. Minha rinite está atacada (ou algo próximo que a deixe atrapalhando minha respiração e fazendo meu nariz um poço de incômodos). E eu tinha muita coisa para fazer. Tenho trabalho de geometria analítica e teoria dos números, essa última é uma viagem que só viajando para entender.
Eu estava mal por ser impedido de fazer algo que deveria e me pergunto: mas será que eu deveria mesmo? Eu não defini ainda minha relação com as leis da produtividade, mas as vezes é chato ter de cumprir datas, horários e ter que me programar para fazer o que preciso fazer (e esse preciso pode ser facilmente substituído por algo como devo e até mesmo por tenho a obrigação de fazer). E nem é uma questão de escolha de fazer ou não fazer e sim uma relação direta de causa e consequência, que o preço é sempre alto demais.
Fico pensando às vezes em quanta coisa nos atemos a fazer sem sentir a devida vontade, e é claro que o carteiro não pode entregar as cartas apenas no dia que tiver vontade e nem o médico atender apenas quando quer, mas é que o funcionalismo em si me incomoda. É estranho, apesar de funcional, saber que fazemos coisas por simplesmente ter de fazer. E depois lá vem o pessoal da vibe positiva, nos incentivando a encontrar um porquê de fazermos aquilo e ser pessoas positivas que veem o lado bom das coisas, mas, qual o lado bom quando tenho de ir trabalhar no domingo e deixo as visitas em casa? Qual o lado bom de não poder ir a um show para fazer o trabalho ou deixar de fazer algo que gosto? Devemos, sim, abrir mão do momento pelo que é para sempre, mas sabe quando isso não já não basta, e esse argumento já está desgastado?
Estou lendo uma produção dessas financiados com fundos da lei Rouanet sob título “elogio à preguiça” e a cada página me revela um pensamento que me faz sentir cada vez mais vontade de fazer mais do que eu quero, e me faz pensar sobre o porquê de eu sentir o prazer em usar o cartão de crédito, me faz questionar o número de balangandãs dos quais eu consumo e acúmulo. É uma crítica ao movimento sem objetivo palpável, e essa necessidade de fazer algo que te dê resultado algo material ou que te dá uma recompensa direta. É a objetificação da vida.
Por hoje ficarei aqui, passando aqueles cremes vick no peito e nas costas, lutando para respirar e vou tentar aliar a isso algo que me dê prazer, ao menos psicológico, já que o físico é meio impossível hoje. Não sei, talvez eu chame alguém para tomar um vinho hoje, estou precisando dar uma distanciada do comando dos meus olhos, e enxergar-me em terceira pessoa. Hoje é apenas um domingo e eu não estou bem.
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