Parar de importar-me com algumas coisas foi ficando cada dia mais simples, hoje nem dói mais. É uma das habilidades que seu corpo desenvolve em busca da plenitude da sobrevivência.
Parei de me importar com o que falam a respeito. Parei de me importar se vão ou não contar pro meu pai. Parei de importar se vão se impressionar ou não com os meus resultados. Parei de me importar se o motorista do uber vai achar que sou um maníaco dos cupons de viagem grátis (e eu já sou quase isso). Parei de me importar como vão me olhar e descobri que a minha bondade está muito mais nos olhos de quem me vê do que nos meus supostos atos de bondade (e o significado de bondade precisa ser repensado para descobrir se não usamos-o como sinônimo de empatia).
Parei com um tanto de coisa e me abri a comer churrasquinho de gato num botequim de copo sujo. Abri as portas de minha casa para os meus amigos, e abandonei o smarthpone e ontem mesmo conversei com uma mulher que pega o mesmo ônibus que eu e nem sabia quem ela era. Algumas coisas só devemos deixar pra lá e as coisas importantes virão.
Só precisamos abrir a janela de manhã e deixar a brisa entrar.
Depois de um tempo eu comecei a andar nas ruas reparando no rosto das pessoas e entendendo que uma variedade de expressões me propõe a viver uma infinidade de experiências. Deixei meus tabus de lado e experimentei dormir sob companhia de outras pessoas. Comecei a falar dos meus estigmas e admiti umas coisas que quando eu me lembro eu penso: sou louco. Mas a vida é sobre isso, sobre loucura, sobre encontros e despedidas, precisamos nos desprender da poeira do cotidiano e apegar a aquilo que construímos com base na nossa fé e naquilo que faz bem de verdade, em coisas que mais do palpáveis, sejam o complemento da nossa alma, que nos dê alegria, pessoas que segurem sua mão, amigos para falar na madrugada, gente para te acompanhar nas segundas feiras quando decidimos estender o prazo do fim de semana.
Eu não sei, mas a vida é essa e o momento é o agora. Há tanto a ser visto, tanto a ser vivido, séries para morrer de emoção, livros e mais livros para ler de todo tipo: crônica, literatura clássica, romance adolescente, livros de 80 reais e livros de graça, há lugares que você pode ir no domingo (com 10 reais da passagem e 10 reais pro lanche), tem muitas bocas para ser beijadas, camas esperando que você se deite, pessoas para conhecer, textos que você pode escrever, viagens para ser feitas, amigos esperando o convite; há tanto o que fazer e nós estamos aqui, ouvindo o que pensam os que nada fazem, estamos criticando os que abrem mão da aceitação para ser livres, ou o mais próximo disso que a vida permite. Eu não sei, mas é hora de nos despir de toda essa roupa que fomos obrigados a usar e nos apresentar nus ao mundo, nos entregar de verdade à algo que importa e faz bem, à algo verdadeiro, sem pensar que vão falar isso ou aquilo. Falar eles vão, mas talvez, no barulho da sua alegria, você não os ouça.
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