Estou sentado na cama com o computador que roda Chrome OS no colo, o celular jogado do meu lado, junto com o Kindle com o Minha Luta de Hitler aberto, no meu headphone tocando o álbum novo do Supla e na mente um milhão de ideias. Cê manja de tags que os sistemas de blogs usam para que as pesquisas identifiquem seus posts? Tô meio assim.
Tava falando com um amigo do álbum que estou ouvindo e ao pensar na palavra ‘pouco’ me lembrei de ‘muito pouco’ de Maria Rita: ‘quando muito pra mim é tão pouco, e pouco pra mim é demais, viver tá me deixando louco’ e eu já não sei de mais nada. Como o homem do século XXI que tem 20 anos e tenta se alinhar a tudo, manter os costumes sadios, um domínio médio do uso gráfico da língua, um senso crítico do meu eu e do meu meio de vida, e ainda tem que abrir as correspondências do cartão de crédito, conferir extrato de banco pra ver o que andam me cobrando, e mesmo vendo não entendo nada, ter que pensar no emprego, nos problemas sociais que explodem meus olhos, pensar no impacto político-ambiental-social-e-puta-que-pariu do papel de bala que o presidente jogou da janela do avião em viagem para a Sibéria. (E eu escrevi viajem e o corretor mandou mudar pra viagem, e eu sei que um é verbo e o outro substantivo, mas que porra é essa? e porque não posso escrever ‘pra’ sem que tentem mudar para ‘para’, caralho, e a liberdade de escrita?)
Agora o cara tá cantando ‘Fanáticos Virtuais’ e meu cérebro me lembrou que eu tinha que usar acento gráfico em fanáticos, porque todas as proparoxítonas são acentuadas, e eu tô me perguntando se meu cérebro não tem nada melhor pra me lembrar. Sei lá, e as torradas que deixei queimar no forno mais cedo, não mereciam um lembrete? O lembrete de não ser um babaca que compra coisa pra caralho, e quando eu escrevi ‘caralho’ ele me lembrou que não sou PC Siqueira para falar o que eu quiser e não pensar ou não se as pessoas gostarão, mas eu quero levar alivio hoje. Não sei, mas eu acho que tá todo mundo pilhado
TÁ TODO MUNDO PILHADO.
Todo mundo pilhado e o corretor querendo que você mude a palavra errada, tá certo, pelo menos ele desempenha com dignidade sua função. Eu tô viajando nas minhas ideias, e o pessoal de um site de banner querendo que eu leia que talvez a Rússia exploda o mundo em 2017 e eu com uma vontade maestral de gritar: “caramba, tem um monte de mundos explodindo, e esse que eles querem destruir vai ser só mais um”. Talvez seja ignorância, talvez tolice, mas sei lá, não acredito que eu tenha que nutrir só adjetivos positivos o tempo todo.
Hoje é 11 de janeiro de 2017 e tá parecendo 2016, ou 2015, ou 2014, ou qualquer dia, qualquer ano, qualquer momento, qualquer coisa, que não seja o significado que damos ou qualquer que não damos, e um cara disse prum jornal que o mundo tava chato e depois pediu conta da secretaria da juventude por ter dito que achava era bom os presídios terem rolado as mortes em massa e eu fiquei lendo em um monte de lugar a mesma coisa, e depois fui ler num monte de lugar um monte de análise sobre o cara, e depois fui ler sobre as desmistificações da análise, e depois li que isso era a herança maldita do PT comunista filho de Stálin com Joana d’Arc descendente do Lula.
A sensação que eu tenho é que se eu chamar uma benzedeira agora e ela passar uma arruda em mim ela pega fogo ou colocar um copo com água e um pedaço de carvão dentro o carvão afunda e eu te pergunto: se fosse você e essa benzedeira, o seu carvão afundaria?
Supla canta melhor em inglês que em português. E eu queria um amigo meu aqui, ou até mesmo um amor pra massagear meus pés e dizer que o mundo ficaria bem, e depois me colocar pra dormir. E ah, queria que estivesse frio também. E também chocolate e um pouco de vinho, tinto e suave, seco não, de sequidão já me sou o suficiente. Sei lá, desculpa aê se filhaputei sua noite, mas é que sabe, a gente explode às vezes e precisamos nos libertar. E tchau, vou dançar dancing days.
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