Eu não gosto de escrever. Gosto da sensação de ter escrito.
Essa frase não é minha. Também não conheço quem a citou originalmente. Li, em um texto sobre avaliação da produção textual dos alunos nas aulas de Língua Portuguesa, que essa frase é de um moço jornalista.
Sei seu nome. Mas não lembro. Será que posso saber apesar de não me lembrar?
Talvez eu esteja escolhendo não lembrar. Um ou dois googles me garantiriam a proeza de saber de verdade o nome do moço. Poderia começar, até, esse texto com uma epígrafe, com aspas, itálico e tudo. Mas não.
Por que não?
Ou seria por quê não?
Porque não?
Porquê?
Entre uma vontade e outra de saber, de dar conta de todos os saberes, de racionalizar, quantificar, metrificar, será não saber uma espécie de alento? Ou será que é a necessidade de se afirmar que não se sabe - e com isso supor que não se tem controle diante de algo que está totalmente sobre controle?
Tenho um amigo que afirma em todas as nossas conversas que não está esquentado a cabeça com nada. Mas sempre está correndo de um lugar para outros, ideias daqui, ideias de lá. E com a cabeça sempre quente.
Acho que ele não pensa sobre isso. Mas a gente tá segurando uma corda com todas as nossas forças dizendo que não temos que ter controle sobre o que não tem necessidade. Mas seguramos tão forte essa corda que estamos com as mãos sangrando. E mesmo negando que tenhamos necessidade de segurar a corda, não sabemos porque somos incapazes de solta-la.
Eu não preciso descobrir o nome do autor para ser completo. Preciso lidar com o que falta.
Preciso lidar com o não saber.
Preciso lidar com a imprecisão.
Preciso lidar com
Armando Nogueira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário