Das coisas mais nos inspiram na vida, a garra de
uma mulher determinada é uma delas. Não se pode medir capacidade, competência,
delimitar espaço ou tempo: a mulher se supera. Faz de qualquer problema sua
fonte de energia, se nutre de seus sonhos e mesmo quando são impedidas de
sonhar, sonham, e realizam. Mulher é outro nível.
Entre figuras que os homens guardam em mente
sempre, as mulheres dominam esse espaço: a mãe, as professoras do primário, a
primeira namorada, a avó, a mãe do amigo, que se torna tia. A capacidade de
amar da mulher é algo impressionante.
Sou fã de mulher. Da mulher que trabalha, que rala
pesado. Gosto da mulher que largou o marido para ser livre, que muitas vezes
limpa rua, uma das profissões mais dignas ao meu ver, mas que no final do dia
vai pra casa, cuida da família, e no final de semana, pinta as unhas, arruma o
cabelo e samba de sábado para domingo como se o mundo fosse acabar. Se pensa
que ela curte ressaca, está enganado. Domingo é dia de feira, supermercado.
Pega ônibus, paga caro nos alimentos, mas não deixa de sorrir. O almoço sai
quatro da tarde, mas aquela mulher é feliz. E na segunda, lá vai ela de novo.
Toda maquiada, dando bom dia para Deus e o povo.
Fico orgulhoso das mulheres que me cercam. Minha
mãe, dona de uma garra inestimável. Minhas irmãs, uma que não desiste de ir em
frente, e a outra que cedo já começa a arar seu terreno para bons plantios.
Minha avó, que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas nas décadas de 1970
e 80, nunca desistiu a sua família. Carregava bacia d’agua na cabeça porque não
havia a estrutura hídrica que temos hoje. Minha tia, que se reinventou mil
vezes e por quinhentas mil vezes mais se reinventará se precisar. Algumas
professoras do Ensino Fundamental e médio, que mesmo sem condições, tentava
mudar o mundo; podem não ter mudado o mundo por inteiro, mas uma fração dele,
de fato, mudou.
Me chateia as vezes ver como mulher se tornou
objeto simbólico sexual na mão da sociedade que banaliza. Mas se é feliz a
mulher assim, quem sou eu para julgar? Apesar das controvérsias, entendo o
fascínio de Vinicius de Moraes, um cara F-O-D-A, pelas mulheres. Olha garota de
Ipanema aí, um dos hits mais tocados mundo a fora. E não é só a de Ipanema que
faz sucesso: a de Belo Horizonte faz, São Paulo, Manaus, de Caburaí ao Chuí, a mulher brasileira é sucesso.
Que sejam cada dia mais fortes,
mulheres. Que o movimento político que defende vosso espaço no mundo se torne
cada dia mais aparente, que o respeito, reconhecimento e valor alcancem vosso
patamar. E que sejam felizes, que sejam nos batuques do Maracatu, seja no Yeeah
do rock, ou na tranquilidade da MPB. Que sejam cada dia mais vereadoras,
prefeitas, governadoras ou presidentas. Que sejam titulares nas missões da ONU,
mas que também representem o marco da revolução social que nosso povo carece.
Que alcancem os costumes fechados do Oriente e levem para lá, a ideia de que
mulher tem que ser livre. Livre, para lutar, sambar e poder amar.
Feliz 8 de março, Dia
Internacional da Mulher.
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