domingo, 13 de setembro de 2015

Sobre dar certo.

As vezes, numa relação as coisas não dão certo. Para ser sincero, pela minha estatística mental que faço agora, percebo que as coisas não dão certo na maior parte das vezes. E, após esse diagnostico, de que as coisas não deram certo, procuramos pensar de quem foi a culpa. Numa análise vaga, tendemos a culpar o outro, afinal, é mais fácil nos conformar com a ideia de que tudo é culpa do outro.

E em uma noite em que perdermos o sono, ardendo em tristeza, melancolia e saudade, discutiremos com o travesseiro quem tem mais culpa, e sentindo sobre a pele toda a verdade, dor, e despudor que só a madrugada traz, enxergaremos erro até onde não tivemos culpa, e na manhã ao chorar aos braços do amigo, falaremos que a culpa é de ambos. Dividiremos a culpa.

Mas de quem é a real culpa de quando as coisas não dão certo? A culpa é de quem não me ligou para que meu telefone tocasse ou é minha, como quem apenas esperou a ligação, e não ousou discar o número e ser a surpresa de alguém?

Afinal, todo mundo fala. Todo mundo quer ser ouvido. Ninguém quer ouvir. No amor também é assim? Todo mundo acha o amor bonito. Todo mundo quer ser amado. Mas todo mundo quer amar? Será que no amor todo mundo quer que as coisas deem certo, mas que o outro faça dar certo? O que é o amor nos dias de hoje? Quem faz o amor nos dias de hoje? Ainda há amor nos dias de hoje? O amor deixou de ser gratuito a todos e se tornou privilegio de poucos? A quem recorrerei para me responder essas indagações idiotas que só um mestre grande sabe a resposta? Mas, quem é o grande mestre?

As vezes, numa relação, as coisas são blá-blá-blá e flores. São idiotas. Mas quem nunca foi idiota? Me diga quem é bom o bastante para julgar o fluxo de uma relação como idiota? Será que as coisas precisam o tempo todo ser certinhas, as discussões têm que ter base científica e uma certa relevância para ser falado, ou vamos falar do que nos incomoda? As vezes o que nos incomoda são as coisas idiotas. É a ligação não feita. É o silêncio ensurdecedor. É a sensação de troca. É a incerteza da presença. São as lágrimas percebidas e não questionadas. É a pirracinha depois da discussão. É o cheiro do perfume que causa náuseas. É as ligações atendidas aos sussurros.

A coisa idiota é o “se quiser falar comigo me chama”. É querer que o outro faça, mas não se dispor a fazer. E isso acontece tanto durante o tempo todo.

E isso não precisa ser discutido?

E a gente fica em silêncio para manter as coisas bem.

Equilíbrio. É o que me falta e o que eu finjo ter.

E então, vamos falar das coisas grandes. Vamos falar da política do país porquê é importante. Vamos fazer uma tatuagem igual, trocar nossas alianças por correntinhas no pulso ou colares para mostrar que não precisamos de padrão. Vamos ir a festas, tirar fotos e falar que nos amamos.

Mas vamos ignorar as coisas idiotas.

Vamos ficar na nossa e esperar o outro fazer a parte dele. Esperar que ele ligue. Que ele fale que ame. Que ele faça a surpresa de um ano de namoro. Que ele peça em casamento. Que ele não deixe a coisa toda cair na rotina.

Vamos esperar que o outro faça as coisas dar certo.


De quem é a culpa se na relação as coisas não deram certo? 

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