terça-feira, 29 de novembro de 2016

Sobre dar certo

É bom quando as coisas dão certo. Dá uma vontadezinha de sair por aí gritando, esbravejando, dividindo com o mundo o sabor das nossas alegrias, os pesos de nossas glórias, nossas doces glórias, merecidas glórias. É bom ter quem segure sua mão nos momentos em quem pensamos em largar tudo de lado, e ouvir um “estou aqui”, mesmo que as questões a ser resolvidas seja você e você mesmo. É saboroso o apoio moral. É bom saber que há alguém que torce por você, que acredita em você, que está do seu lado  para o que der e vier.

Quem já frequentou a escola e teve daqueles professores durões, principalmente os de física no ensino médio, sabem bem o alívio que é cumprir as tarefas pesadas, e aqueles trabalhos que dão frio na espinha e tiram noite de sono e sabem quem o verdadeiro orgasmo que é quando cumprimos a tarefa. É um tesão. No ápice dos meus dias procrastinantes, desejei do fundo de minha alma experimentar a alegria da produtividade, queria ter algo para me orgulhar, algo para que se orgulhasse de mim… E quando isso veio, surgiu como uma cachoeira infinita de alegria, de sonhos saudáveis e plenos. Foi tão rico escrever quatro textos na mesma semana, ler um livro por semana, considerando o meu limitado tempo disponível. Não sei, mentira, sei sim. Sei sim que é bom olhar e ver que eu venci um limite, derrubei uma barreira, houve quem segurou minha mão e isso é maravilhoso.

Todos merecem essa felicidade pequena, mas firme, sólida, essa felicidade que contempla, que supre vazios, que ensina, que enriquece, essa felicidade que nos é disponível por, e simplesmente, cumprir nossa parte, fazer nosso papel. É bom quando as coisas dão certo e melhor ainda é saber que agimos para que elas dessem certo, dá uma sensação de grandeza, mas não aquela grandeza boba de ser e estar em uma posição melhor que a dos outros, e sim, uma grandeza por romper nossos limites, por estabelecer e cumprir metas, por não ser apenas formigas.

Durante uns dias eu olhei meu passado com desdém, como fui tolo. Olhei o que fiz, onde fui, as coisas que fiz, as quais me ative e só me preocupava com as consequências. Consequências que nem minhas eram. Me incomodava com as hipóteses levantadas. Como se o fato de eu abrir mão das minhas experiências, fosse salvar o mundo. Talvez salve o mundo dos demais, o meu não. É bom quando as coisas dão certo, e o modo de dar certo muda de pessoa pra pessoa, a ideia de fracasso precisa ser revista por todos, precisamos estabelecer o que é essencial para que a felicidade não abandone nossa morada e lutar para que ela ali permaneça intacta, real, protegida, constante.

É bom quando as coisas dão certo, porém, melhor ainda, é quando nós somos aqueles que fazem as coisas darem certo.

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