sexta-feira, 17 de março de 2017

Março let it go

Comecei a ler a autobiografia da Rita Lee. E como todo bom leitor, estou imerso numa realidade roubada, que talvez eu sempre quis pra mim, mas nunca assumi meu desejo por tê-la. É como querer comprar camisinhas num supermercado de bairro. Dá um vontade louca de sair por aí, tacando o louco, como um verdadeiro GTA humano, mas, e se contarem pra minha mãe?

O mês de março trouxe discussões com um cara recém conhecido que não gostou da minha reclamação sobre o seu serviço prestado. Trouxe alegrias de um fim de verão e os orgasmos visuais com a bela visão da lua cheia. Março me trouxe mais de Caio Fernando de Abreu e eu tentando ser o forte que sabia o que queria. Março está dando os ares de ir e nada das suas águas para lavar os resquícios de um verão típico de brasileiro mau aproveitado.

Tudo que eu queria hoje, agora, era não estar aqui, sentado diante desse computador digitando esse texto. Se eu o faço é porque fracassei. Fracassei e preciso lamentar. Sou um homem de 20 anos que mora na casa dos pais, que finge ser um monte de coisa, que até lê livros no ônibus, na inútil tentativa de provar para si algo que não é. Se eu fiz matemática querendo encontrar uma respostas concreta, quebrei a cara mais uma vez.

Sou um cara de 20 anos gastando a vida lendo histórias de pessoas que fizeram de suas vidas o suficiente para serem deuses de novas religiões. Queria ser o cara que vê 8 filmes por dia, o cara que lê coisas boas de verdade, e que acredita na humanidade. Queria ser um cara despido de preconceitos e ignorâncias. Queria ter estômago para tomar cerveja 7 da manhã e não a moçoila que não faz tatuagem com medo do pai. Sou um homem de 20 anos sentado na frente e um computador lamentando a frustração de uma vida invejada de quem sabia o que estava fazendo, e será que sabiam mesmo? Tudo que eu faço demais é engolir sapos de pessoas de 50 anos que parecem não ter um í  de prestígio pelo outro.

Eu devia ser eu mesmo, sabe, de boas. Na minha bela miragem sentado aos sábados a noite em praças e calçadas dividindo garrafas de vinho com amigos e comentando as coisas mais irrelevantes possíveis. Nisso, talvez eu concorde com o título de A Insustentável Leveza do Ser  e não garanto por quanto tempo tardarei em implodir.

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