sábado, 17 de junho de 2017

21 anos

Essa semana faço 21 anos. 21 voltas da Terra em torno do Sol. Quando para pensar que 21 anos é coisa para cacete, me assusto mais com o fato de que sempre que me dou conta de que não sou mais um moleque é como se eu acordasse. É sempre assim: estou vivendo dias sem sentido, me bate uma onda filosófica e eu acordo, e penso que o despertar é eterno, e dois meses depois estou eu despertando de novo. Fica aparecendo que os dias são sonhos dentro de outros sonhos enquanto sonhamos que estamos sonhando.  

Quando penso em quanta coisa fiz nesses 20 anos, em quantas vezes mudei a direção do barco, quantas vezes disse que estava cansado, em quantos dias fiquei só vendo a palha rolar pelo deserto, imagino o quanto ainda há para fazer. E as vezes me dá sono fazer tanto. Outras vezes me dá esperança de que tenho muito a fazer, antes que venham o peso dos 30, 40 ou 50 (e é engraçado como a juventude é subitamente mais curta do que a velhice). Me lembro de ter escrito, equivocadamente, dois anos atrás, um texto em que eu afirmava não ter de viver mais de 25 anos. Hoje eu acredito que 100 anos não me seriam suficientes.

Para os 21, quero despertar do meu sono acomodado e ir despertando um pouco a cada dia. Quero me aceitar e me permitir ser quem eu sou (e a bandeira é maior que a polêmica sexualidade), quero aceitar a solidão voluntária (ou involuntária, não sei), quero aceitar as minhas limitações e não sofrer por elas. Quero aceitar o espelho, aceitar as minhas psicoses, aceitar que sou dos que dormem no meio dos filmes, aceitar os meus fracassos e quero falar sobre eles com a finalidade de ajudar as pessoas a lidarem com as suas dores. Por falar em dores, quero ser mais sustentável, e que até as dores sejam frutíferas, que as perdas sejam frutíferas, e já aviso a vida: não estou pronto ainda, portanto, nada de surpresas. Aos 21 quero falar menos, bem menos. Dez dias de silêncio, talvez. Quero ouvir mais, muito mais. Ouvir minhas avós, os meus sagrados que me sussurrem os bem-dizeres. Quero ouvir os meus superiores e os meus mestres. Quero ouvir minha mãe e meu pai.

Para os 21 quero reencontrar Deus e tudo o que o Sagrado é na vida de um homem. Nem digo que preciso ler mais, mudo a rota: para os 21 quero absorver mais. Absorver as pessoas, os sentidos, as palavras, os doces. Quero beijar também: quero beijos sem censura e sem pudor. Eu quero abrir as asas, e me organizar para uma vida centrada nas coisas boas. Quero dormir menos e abandonar a vida virtual. Não posso mais só rolar feed do Facebook.

Se rolar de ser zen, assino embaixo. Mais vídeos da Monja Coen, mais pensar antes de agir, mais verdade, bondade e necessidade antes de falar. Ajudar mais, me permitir ser ajudado. Quero me conectar a pessoas boas e honestas, e que querem ser felizes.  Quero fazer o bem, de verdade, rompendo tabus. Quero deixar para trás tudo o que me impede de seguir plenamente o meu caminho. Quero encontrar e reencontrar Luhs, Anas, Thiagos, Matthews’s, Samaras, Joãos e Marias vida a fora.


Eu só quero ser feliz. Feliz.

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