Essa semana faço 21
anos. 21 voltas da Terra em torno do Sol. Quando para pensar que 21 anos é
coisa para cacete, me assusto mais com o fato de que sempre que me dou conta de
que não sou mais um moleque é como se eu acordasse. É sempre assim: estou
vivendo dias sem sentido, me bate uma onda filosófica e eu acordo, e penso que
o despertar é eterno, e dois meses depois estou eu despertando de novo. Fica
aparecendo que os dias são sonhos dentro de outros sonhos enquanto sonhamos que
estamos sonhando.
Quando penso em
quanta coisa fiz nesses 20 anos, em quantas vezes mudei a direção do barco,
quantas vezes disse que estava cansado, em quantos dias fiquei só vendo a palha
rolar pelo deserto, imagino o quanto ainda há para fazer. E as vezes me dá sono
fazer tanto. Outras vezes me dá esperança de que tenho muito a fazer, antes que
venham o peso dos 30, 40 ou 50 (e é engraçado como a juventude é subitamente mais
curta do que a velhice). Me lembro de ter escrito, equivocadamente, dois anos atrás,
um texto em que eu afirmava não ter de viver mais de 25 anos. Hoje eu acredito
que 100 anos não me seriam suficientes.
Para os 21, quero
despertar do meu sono acomodado e ir despertando um pouco a cada dia. Quero me
aceitar e me permitir ser quem eu sou (e a bandeira é maior que a polêmica
sexualidade), quero aceitar a solidão voluntária (ou involuntária, não sei),
quero aceitar as minhas limitações e não sofrer por elas. Quero aceitar o
espelho, aceitar as minhas psicoses, aceitar que sou dos que dormem no meio dos
filmes, aceitar os meus fracassos e quero falar sobre eles com a finalidade de
ajudar as pessoas a lidarem com as suas dores. Por falar em dores, quero ser
mais sustentável, e que até as dores sejam frutíferas, que as perdas sejam frutíferas,
e já aviso a vida: não estou pronto ainda, portanto, nada de surpresas. Aos 21
quero falar menos, bem menos. Dez dias de silêncio, talvez. Quero ouvir mais,
muito mais. Ouvir minhas avós, os meus sagrados que me sussurrem os
bem-dizeres. Quero ouvir os meus superiores e os meus mestres. Quero ouvir
minha mãe e meu pai.
Para os 21 quero
reencontrar Deus e tudo o que o Sagrado é na vida de um homem. Nem digo que
preciso ler mais, mudo a rota: para os 21 quero absorver mais. Absorver as
pessoas, os sentidos, as palavras, os doces. Quero beijar também: quero beijos
sem censura e sem pudor. Eu quero abrir as asas, e me organizar para uma vida
centrada nas coisas boas. Quero dormir menos e abandonar a vida virtual. Não
posso mais só rolar feed do Facebook.
Se rolar de ser
zen, assino embaixo. Mais vídeos da Monja Coen, mais pensar antes de agir, mais
verdade, bondade e necessidade antes de falar. Ajudar mais, me permitir ser
ajudado. Quero me conectar a pessoas boas e honestas, e que querem ser
felizes. Quero fazer o bem, de verdade,
rompendo tabus. Quero deixar para trás tudo o que me impede de seguir
plenamente o meu caminho. Quero encontrar e reencontrar Luhs, Anas, Thiagos,
Matthews’s, Samaras, Joãos e Marias vida a fora.
Eu só quero ser
feliz. Feliz.
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