quarta-feira, 12 de julho de 2017

Caos quieto

Estou de férias da faculdade, e como tal, ando fazendo vários nadas. Até que eu levanto cedinho e fico vendo a vida passar pela tela do computador, enquanto o celular vibra a cada 5 minutos com uma mensagem espaçada, ou então jogo meu recém comprado video game, tentando entender os sentidos das fases, que cada vez mais me parecem sem objetivo. Estou num estado de quase calamidade e eu me perdoo.

Ao telefone com Jessé outro dia, percebemos que estamos em uma fase em que precisamos de pessoas que queiram ficar ao nosso lado por sermos somente quem somos, e por talvez estarmos indispostos a gastar energias com aquilo que não soe natural para nós, preferimos ser homens da caverna da modernidade e deixar que as pessoas vão, e nem é por covardia: estamos salvando nossos mundos e nossos corações.

Imaginar-me hoje acordando às 8 da manhã e enrolar até as 10:30, tomar um banho de meia hora sair de casa atrasado, dar aulas e voltar para casa correndo para o nada é meio estranho para alguém que já acostumou com a produtividade, mas eu me perdoo. Me perdoo por saber que quando os dias precisam que eu me divida em cem, eis que me dividirei. Eu me perdoo por estar mais próximo de mim,  e esse estar mais próximo inclui tomar sol de manhã e dormir com a TV desligada. Não tem nada mais gostoso do que sentir que eu estou em um ambiente fisico e psicologicamente, e essa paz só eu sou capaz de me dar. Nem a ameaça de desemprego me assustou: é um dia de cada vez.

Na semana que vem estarei de férias do trabalho também. Pretendo adiantar umas burocracias do trabalho e me dedicar a coisas novas que vem por aí. E se eu não fizer, tudo bem também. Se eu ao menos acordar bem todos os dias, terei ganhado os meus dias. Nessa atual fase, não ando esperando nada e nem fazendo nada que dependa de um grande esforço. O fim é o mesmo para os que se culpam e os que se perdoam.

Enquanto escrevo essas linhas, assisto um show de Cazuza de 1985. Ele estava tão bem, talvez não imagine que morreria logo em pouco tempo pelo vírus do amor. Caio também não, e antes de poeta, gosto de me lembrar dele como um jardineiro de um canteiro de rosas. Cazuza amava. Prefiro pensar que no fim o que vale é a quantidade de vezes em que fizemos o bem a alguém, mas não ei de sacrificar os meus sentidos. Não me traírei. Eles não se traíram. Não o farei.

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